O autocuidado, compõe a competência socioemocional “autoconhecimento”. Ele favorece a aprendizagem, melhora o bem-estar e contribui para a saúde mental, como medida protetiva e preventiva. Seu desenvolvimento é importante na idade escolar, mas também em todas as fases da vida, permanentemente, tanto na dimensão individual, quanto coletiva.
Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a competência socioemocional número 8, “Autoconhecimento e Autocuidado”, é definida como “conhecer-se, apreciar-se, reconhecer suas emoções e a dos outros, ter autocrítica” para “cuidar da saúde física, emocional, lidar com suas emoções e com a pressão do grupo” (BRASIL, 2017). Assim, a questão do autocuidado seria uma consequência desse processo de autoconhecimento (SENNA & SUCUPIRA, 2022).
Entre os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, o autocuidado aparece no campo de experiências “corpo, gestos e movimentos” para crianças de 4 a 6 anos, como hábitos de autocuidado relacionados a higiene, alimentação, conforto e aparência. Ao fim do Ensino Fundamental, entre as habilidades desenvolvidas por Ciências, a expectativa é que os estudantes estejam aptos ao “autocuidado com seu corpo e respeito com o corpo do outro, na perspectiva do cuidado integral à saúde física, mental, sexual e reprodutiva”. Já no Ensino Médio, espera-se que os estudantes vivenciem práticas corporais e as signifique “em seu projeto de vida, como forma de autoconhecimento, autocuidado com o corpo e com a saúde, socialização e entretenimento”.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),” o autocuidado é definido como uma atitude ativa e responsável em relação à qualidade de vida, mudando o foco para a prevenção, ao invés de só tratamento de enfermidades”. O hábito de olhar para si aumenta a autoestima, a autoconsciência, prevenindo doenças e transtornos emocionais.
Embora muitas vezes seja associado aos cuidados com a saúde do corpo, tem uma concepção mais ampla. Cuidar de si mesmo envolve alimentação saudável, prática regular de exercícios físicos, dormir bem, mas também lazer/atividades de prazer e realização pessoal, escuta de si, regular ansiedade, tomar decisões mais adequadas, ter pensamentos otimistas, cultivar relações interpessoais saudáveis, estabelecer limites (inclusive no ambiente profissional), aprender a dizer não quando algo fere seus valores sem sentir culpa, buscar ajuda profissional, quando necessário, entre outros. É ter autocompaixão e afeto, valorizar e cuidar de si, do bem-estar físico, mas também emocional, social e mental.
Desta forma, são tipos de autocuidado: mental, físico, emocional e social (há quem inclua espiritual!)
Autocuidado físico: trata de hábitos para prevenção da saúde do corpo, como sono regular, exercícios físicos, alimentação saudável, etc.
Autocuidado emocional: trata de práticas de autoexpressão, escuta profunda de si, autoconhecimento e regulação das emoções e sentimentos, como a meditação, a musicoterapia, psicoterapia, etc.
Autocuidado social: relaciona o contato com o próximo, a escuta empática e a criação de redes de apoio, cultivando relações saudáveis e estabelecendo limites, inclusive profissionais.
Autocuidado mental/intelectual: envolve aprendizado, concentração, conhecimento, criatividade e demais práticas que estimulem o cognitivo, mantendo a mente ativa, como escrever, desenhar, ler, conversar, pesquisar, ver um filme, etc.
O autocuidado, em suas diferentes dimensões deve ser um hábito a ser cultivado, como por exemplo, buscando expressar as emoções, reconhecer motivos para ser grato/grata, cultivar pensamentos positivos, fazer pausas, não se cobrar tanto, dedicar um tempo para aprender coisas novas e ter/buscar redes de apoio, especialmente para aqueles que atuam como cuidadores e mediadores de conflito, inclusive Educadores, que cuidam do bem-estar dos estudantes (ALTMANN, PEZZI, HECK, 2020). Isso demanda criação de momentos/espaços seguros no próprio ambiente escolar para autoexpressão, troca e sobretudo, acolhimento.
ALTMANN, Bruna Aline Roos, PEZZI, Fernanda Aparecida Szareski, HECK, Camila. Emoções e autocuidado como tema de formação de professores: um relato de experiência. In: SIEPC/Unijuí, Rio Grande do Sul, 2020. Disponível em: https://publicacoeseventos.unijui.edu.br/index.php/enacedesiepec/article/view/18703 Acesso em: 15 Nov. de 2022
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação, 2017. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
SENNA, Carolina. M. F., SUCUPIRA, Luciana. Material de apoio - Rota de voo: Percurso formativo Educadores em Conexão. Rio de Janeiro: Instituto, 2022.
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